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Debate sobre mulher negra no mercado de trabalho e espaços de poder encerra programação do ‘Julho das Pretas’ no MP
Com o objetivo de discutir a presença da mulher negra no mercado de trabalho foi realizado na tarde de hoje, dia 31, na sede do Ministério Público estadual, no CAB, um debate com o tema ‘Mulher negra no mundo do trabalho e nos espaços do poder’. O evento foi aberto pela secretária estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), Olívia Santana, e contou com a presença da procuradora-geral de Justiça Ediene Lousado. “Sei que o caminho não é fácil, mas nossa luta deve ser contínua. O papel do MP de lutar pelas minorias na defesa dos direitos que estão previstos na Constituição Federal deve ser amparado por políticas públicas. A defesa da soberania popular e dos direitos previstos na Constituição não depende somente de nós, mas também dessa parceria constante com a sociedade na busca e na luta por uma sociedade mais igualitária”, destacou a chefe do MP baiano.
Ela dividiu a mesa de abertura com a procuradora de Justiça Márcia Virgens; a secretária Olívia Santana; a secretária estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Fabya Reis; a juíza federal e titular da 5ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Adriana Cruz; a doutora em psicologia social, secretária de Cultura do Rio de Janeiro e neta do cantor Cartola, Nilcemar Nogueira; a jornalista e comentarista de Economia na TV Globo e Globo News, Flávia Oliveira; a supervisora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ana Georgina Dias; e a secretária estadual de Políticas para Mulheres, Julieta Palmeira. “Esse evento também é uma celebração pelo 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Temos que lutar sempre pela paridade nos espaços de poder”, defendeu a secretária Olívia Santana.
Segundo a supervisora técnica do Dieese, Ana Georgina Dias, de 24,1% da parcela da população desempregada, mais da metade é composta por mulheres. “Na categoria dos empregados domésticos, cerca de 95% é formado por mulheres, com salários que as vezes não chegam ao valor de um salário mínimo. Para terem ideia, das mulheres que trabalham, não há nem 3% ocupando espaços de poder”, ressaltou. Ela complementou que o serviço público é menos discriminatório que as empresas privadas, graças ao concurso público. No entanto “as mulheres passam no concurso, mas existe uma enorme dificuldade para alcançar postos mais elevados nas instituições”. Para a juíza Federal Adriana Cruz, a sociedade é plural, portanto os espaços de poder também devem ser plurais. “A questão para nós, mulheres negras, nunca foi conseguir trabalhar, pois isso sempre nos foi imposto desde a diáspora. E sim trabalhar em condições decentes e participar dos espaços de poder”, explicou a juíza. Ela complementou que as instituições foram desenhadas “para que nós não estivéssemos lá. Tudo concorre para que sejamos subalternizados o tempo todo”. O evento, que encerrou a agenda do Julho das Pretas do Governo do Estado da Bahia, contou também com a presença de servidores do MP e das secretarias estaduais, representantes de movimentos sociais, em especial dos movimentos feminista, de mulheres e negro, além dos conselhos estaduais da Mulher e da Comunidade Negra.
Crédito das Fotos: HF Fotografia