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Evento no MP marca Dia Nacional de Combate à Sífilis na Bahia
Nos últimos 10 anos, o número de casos de sífilis aumentou de forma “alarmante na Bahia”. Segundo o subsecretário de Saúde do Estado, Roberto Badaró, em 2015, quase cinco mil pessoas foram infectadas no estado. Os dados foram apresentados durante o seminário que marcou a '11ª edição do 'Dia Nacional de Combate à Sífilis na Bahia', realizado na manhã de hoje, 14, na sede do Ministério Público estadual. Promovido pela Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), com o apoio do MP, por meio do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde (Cesau), o evento reuniu médicos, estudantes, promotores de Justiça e servidores do MP, além de associações de pessoas que enfrentam a doença. De acordo com o coordenador do Cesau, promotor de Justiça Rogério Queiroz, a ideia do encontro foi congregar esforços para o enfrentamento da sífilis. “Os números continuam crescendo, o que indica a necessidade de um esforço ainda maior”, salientou.
O promotor de Justiça frisou também a gravidade da sífilis em gestantes, cuja incidência aumentou de 1,4 casos por 1000 nascidos vivos, em 2007, para 10,6 em 2015. A transmissão congênita gera sequelas nos bebês, óbito fetal e óbito infantil. “Nós não podemos permitir que isso continue a acontecer, porque o tratamento é relativamente simples”, salientou o promotor, destacando que o tratamento precoce da sífilis deve ser administrado nas unidades básicas de saúde. Rogério Queiroz acrescentou ainda que “o descumprimento dessa obrigação legal pode gerar consequências para os profissionais que se recusem a administrar a penicilina ou a realizar os testes previstos no pré-natal para detectar a sífilis congênita”. Em 2011, o MP expediu uma recomendação para que o Município de Salvador elaborasse um plano de enfrentamento da sífilis. “O plano foi elaborado e as mais de 100 unidades de saúde da cidade foram capacitadas e municiadas de todo o material necessário. Agora entramos na segunda etapa: a unidade que não estiver cumprindo com seu papel será cobrada. Estamos monitorando os casos de sífilis congênita para descobrir que unidade atendeu essas gestantes e seus parceiros. Caso haja responsabilidade da unidade de saúde, esta, certamente, será penalizada”, concluiu.
Roberto Badaró, que além de subsecretário de Saúde do Estado, é um dos pesquisadores de DSTs mais reconhecidos no Brasil, afirmou que o País está entre os dez piores do mundo no controle da sífilis congênita. “Atualmente, o Brasil tem um milhão de novos casos por ano”. A falta do medicamento pode estar entre as causas do aumento de casos. O pesquisador enfatizou que, desde 1965, a benzetacil era produzida “em quantidade suficiente no País, o que deixou de acontecer por motivos ligados a interesses da indústria farmacêutica, tornando o custo muito alto para o Ministério da Saúde”. Badaró afirmou também que é preciso criar uma política específica para a manutenção de medicações estratégicas. “Nesse ritmo de redução da produção nacional, em março de 2017 teremos apenas estoque suficiente para atender a 70% da demanda do País”. O evento contou ainda com uma exposição sobre o 'Cenário na Região Metropolitana de Salvador' e com um painel sobre o 'Arsenal Diagnóstico e Terapêutico', que abordou os temas 'populações em contexto de vulnerabilidade', 'papel filtro e testes rápidos', 'estudo do líquor' e 'saúde do homem – instrução normativa do pré-natal do parceiro'. Durante o encontro, os participantes e os servidores e membros do MP puderam fazer o teste rápido de forma gratuita. Este foi o quinto ano que o MP sediou o encontro.
Fotos: Johnny Lacerda / HF Fotografia