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Fronteira vulnerável dificulta combate ao narcotráfico no Brasil
Fronteira vulnerável dificulta
combate ao narcotráfico no Brasil
“O Brasil está sofrendo por conta do fenômeno do crack, que já suplantou seu público inicial e está tomando a classe média”. O alerta foi dado pelo delegado da Polícia Federal, Hebert Mesquita, na tarde de hoje, dia 3, durante palestra proferida no Ministério Público estadual, que está sediando o módulo II do Programa Nacional de Capacitação e Treinamento para o Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (PNLD). Segundo ele, o aumento da circulação da droga no Brasil está diretamente ligado à ascensão de Evo Morales na Bolívia, pois a produção do país vizinho tem sido “desafogada” aqui e o presidente, que se comprometeu em acordo firmado com o Brasil a batalhar pela redução das áreas de cultivo da droga, nada tem feito.
Infelizmente, o cenário nacional não apresenta boas perspectivas, lamentou Hebert Mesquita, afirmando que o Brasil tem-se esforçado politicamente para minimizar o quadro, mas os países vizinhos não têm contribuído. Para ele, a saída parece ser o estabelecimento de uma política externa de cobrança ainda maior, “uma política que seja mais firme quanto a Evo Morales”. Dados recentes do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) indicam que Bolívia, Colômbia e Peru são os maiores produtores de cocaína do mundo, informou o delegado, ressaltando que, lamentavelmente, os três países fazem fronteira com o Brasil. Segundo ele, o fato da cocaína produzida na Bolívia não ter muita aceitação na Europa reforça o “despejo” da pasta-base da droga aqui no Brasil. A pasta, que é a fase intermediária da cocaína, está vindo para o Brasil para, aqui, ser transformada em crack e merla, afirmou o delegado, dizendo que o número de laboratórios químicos no Brasil tem aumentado significativamente.
É nesse cenário que a Polícia Federal tem trabalhado constantemente, lembrou o palestrante, informando que a PF utiliza a interceptação telefônica, a ação controlada e a vigilância para reprimir o tráfico internacional e interestadual de drogas. Segundo ele, a eficácia da atuação policial tem aumentado nos últimos anos, mas a vulnerabilidade do Brasil, que também faz fronteira com o maior produtor de maconha (Paraguai), dificulta todo o esforço empreendido. Durante a palestra, o delegado federal abordou ainda as formas de organização do trabalho da PF para combater o narcotráfico e as tendências para o Brasil.
Também na tarde de hoje, o juiz federal Fausto De Sanctis debateu o tratamento que deve ser dispensado aos bens apreendidos pela Justiça, indicando como eles devem ser administrados e como tem sido a gestão de alguns casos. De acordo com ele, bens de luxo apreendidos após denúncia apresentada pelo Ministério Público devem ser colocados à venda, sendo o dinheiro recolhido depositado em juízo, para que seja devolvido ao réu em caso de absolvição ou convertido à União se o réu for condenado. Também devem ser vendidos bens perecíveis, como roupas, disse o juiz federal, lembrando que isso foi o que ocorreu com vários bens pertencentes a Juan Carlos Abadia. Já os recursos advindos de leilões e bazares beneficentes devem ser destinados a entidades beneficentes, que também devem receber os recursos que são fruto de delações premiadas.
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