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Fórum de Vigilância Epidemiológica debate desafios da saúde pública no país
Dados sobre a perda da qualidade de vida provocada por doenças, conhecida cientificamente pelo termo ‘carga da doença’, e os dilemas do cenário epidemiológico do Brasil foram os assuntos debatidos na abertura da ‘Primeira Reunião do Fórum de Vigilância Epidemiológica’, na manhã de hoje, dia 12, na sede do Ministério Público estadual, no CAB. O tema foi apresentado pela médica pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Joyce Mendes de Andrade Schramm. “O objetivo dessa reunião é discutir com representantes da academia, gestores e órgãos de controle, além dos conselhos profissionais, sobre a situação da vigilância epidemiológica no país para sugerirmos quais as áreas que devemos concentrar os nossos esforços de maneira emergencial”, afirmou o promotor de Justiça Rogério Queiroz, coordenador do Centro de Apoio Operacional da Defesa da Saúde do MP (Cesau).
Segundo a doutora em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Joyce Schramm, “é necessário desconstruir a ideia de que existe uma diferença significativa nas causas do adoecer e morrer de acordo com a região do nosso país”. Ela complementou que, no geral, as pessoas morrem no Brasil por causas como homicídios, acidentes de trânsito e doenças cardiovasculares, sendo que nos homens há grande incidência de homicídios e nas mulheres predominam os transtornos como a depressão. “Hoje, os transtornos mentais estão aumentando expressivamente no país”, afirmou. Para a pesquisadora a demanda atual da população para a assistência médica no Brasil já é prevista pelos pesquisadores da área há alguns anos. “Já era esperado que a população iria envelhecer, que o perfil epidemiológico mudaria com esse envelhecimento, e que o avanço tecnológico reduziria a mortalidade causando um impacto no prolongamento da vida e consequentemente num cenário que demanda tratamento de pessoas com doenças crônicas. Num sistema sucateado de subfinanciamento crônico da saúde pública e num cenário que demanda cada vez mais gastos, não nos surpreende o aumento da mortalidade prematura e de outras sequelas que surgem como consequência do não acesso da população ao sistema de saúde”, ressaltou.
A programação seguiu com o painel sobre infectologia, que contou com a presença da médica Tereza Cristina Paim, subsecretária da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia; Mitermayer Galvão Rei, pesquisador em saúde pública e chefe do laboratório de patologia e biologia molecular do Instituto Gonçalo Moniz da Fiocruz (Ba); Júlia Moreira Pescarini, doutora pelo Departamento de Epidemiologia na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP); e Ceuci de Lima Xavier Nunes, doutora em medicina e saúde pela Universidade Federal da Bahia. O professor e pesquisador Mitermayer Galvão Rei ministrou a palestra ‘Transição demográfica, megacidades e rebatimento na saúde pública’. Ele falou sobre os fatores responsáveis pela re-emergência da dengue e emergência da Chikungunya e Zika, citando o crescimento populacional generalizado, a urbanização sem planejamento e sem controle, falta de controle eficaz do mosquito, maior mobilidade humana e a decadência em infraestrutura de saúde pública. Outro assunto abordado pelo pesquisador foi a necessidade da disponibilização de testes precisos no tratamento do câncer nos hospitais públicos da Bahia. “Hoje é praticamente impossível alguém que não tenha um parente na família que tem ou teve câncer. Precisamos introduzir na rede pública esses testes para um tratamento mais eficaz da doença”, afirmou.
A programação contou ainda com as palestras ‘Sucessos e fracassos no controle de doenças infecciosas no Brasil’; ‘Mudanças epidemiológicas das doenças infecciosas e parasitárias e suas consequências no Instituto Couto Maia’; ‘Bactérias multirresistentes (CPK)’; ‘Tuberculose e multirresistências em Salvador’; ‘Bioética e vacinação infantil: dilemas no uso da autonomia em saúde’; ‘Implicações da Epidemia do Zika Vírus para o desenvolvimento infantil: espectro das manifestações da síndrome congênita do Zika Vírus’; e ‘Arboviroses’.
Crédito das fotos: Guilherme Weber - Rodtag
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