
As possibilidades e competências da mediação para solução de conflitos e construção da paz nas relações familiares foram abordadas no 'VI Colóquio dos Promotores de Justiça de Família', realizado hoje, dia 5, no auditório do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), no bairro de Nazaré, em Salvador. A palestra foi ministrada pela juíza Cristiane Menezes Barreto, especialista em Gestão de Pessoas e Formação de Líderes e professora da disciplina Mediação e Programação Neurolinguística (PNL) da Universidade Corporativa do Tribunal de Justiça da Bahia (Unicorp). O evento foi promovido pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça Cíveis, Fundações e Eleitorais (Caocife), coordenado pela promotora Maria de Fátima Macedo.
“A mediação é uma mudança de atitude e de paradigma para juízes, promotores de Justiça e defensores públicos. O paradigma deixa de ser litigante para ser de construção de relações de paz. Os promotores, mesmo de Família, têm uma formação beligerante”, afirmou. Com informações preliminares sobre técnicas e métodos da PNL, Cristiane Barreto destacou que a mediação é totalmente diferente da conciliação, pois media demandas a partir da escuta ativa do outro, com a qual pode identificar e reconhecer sentimentos e emoções. Assim, o mediador conduz a construção de uma resolução que não é dada ou imposta por ele. “A mediação é um processo de autonomia, de diálogo, em que as partes vão encontrar uma solução, cujo acordo nem sempre vai ter natureza legal, pois pode ser um acordo alternativo. É um processo de construção, cujo tempo não é predefinido, nem rápido”.

A palestrante apontou que a mediação é um processo complexo, pois não é uma tarefa simples e fácil identificar interesses comuns de realidades conflitantes para construir uma relação de paz. “Como é que juízes e promotores vão ter compaixão pelas partes sem comprometer o trabalho? A mediação é um ato de escuta, que exige empatia ou compaixão. O mediador é um facilitador de diálogo”, afirmou. A magistrada ressaltou que um mediador deve realizar perguntas não-indutivas para que as pessoas possam ser provocadas a chegar à solução dos problemas, por isso a importância dos mediadores serem capacitados e treinados para reconhecer sentimentos e emoções, que estão sempre presentes em conflitos como divórcios e disputas de guarda, por exemplo.