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Agressores não entendem o porquê da punição quando agridem mulheres, afirma assistente social
Agressores não entendem o porquê
da punição quando agridem mulheres
“Então foi por isso que fui preso?”. Indagações desse tipo são comuns entre homens que usam de violência contra a mulher e são presos, demonstrando que agressão contra o sexo feminino é considerada normal por uma série de motivos, fato que exige o tratamento do agressor além do acolhimento à vítima. Esse é o entendimento da assistente social especialista em gênero e desenvolvimento regional Jacqueline Soares, palestrante de hoje, dia 28, do projeto “Diálogo dos Saberes”, iniciativa do Ministério Público estadual que busca levar a comunidade acadêmica a dialogar com a sociedade civil trocando experiências que auxiliarão entre outras coisas, no enfrentamento à violência de gênero.
Jacqueline realizou uma pesquisa trabalhando com homens que passaram um tempo presos por terem agredido mulheres e apresentou os resultados na conclusão do mestrado em estudos interdisciplinares sobre mulheres, gênero e feminismo na Universidade Federal da Bahia. O tema chamou sua atenção desde a infância e se intensificou quando trabalhou na Vara de Violência Doméstica e Familiar. Ali, ela conta que muitos homens são reincidentes: agridem a mulher, são presos e depois acabam cometendo o mesmo crime contra outra mulher.
Segundo ela, um desses homens encontrou a mulher com outra pessoa e não praticou violência física. Mandou que ela saísse de casa com o amante e pela rua foi dirigindo xingamentos à companheira. Foi preso por policiais que passavam na hora e assistindo a agressão moral. O que a assistente social verificou nas sessões realizadas com homens recém saídos da prisão é que eles agridem por machismo, por terem convivido com essa situação durante sua vida e, sem um trabalho de educação e prevenção, acabam normalizando esse procedimento não enxergando como violência esse tratamento dirigido à mulher. Para Jacqueline, a escola pode ajudar muito nesta mudança de mentalidade, intensificando o trabalho com a questão da diversidade.
Fotos: Ceaf
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