A importância da compreensão dos Direitos Humanos para sua efetivação em tempo de crise política, econômica e social pautou hoje, dia 24, mais uma edição do 'Diálogos de Saberes', projeto do Ministério Público estadual que promove a troca de conhecimentos e discussões entre a Instituição, a Academia e movimentos sociais. Com o tema 'Educação para e pelos 'Direitos Humanos', o evento foi realizado pela manhã na Universidade Católica do Salvador (Ucsal), dentro da programação da 20ª Semana de Mobilização Científica (Semoc) realizada pela unidade de ensino.

Um auditório lotado de estudantes, a maioria deles do curso de Direito, assistiu à mesa-redonda composta pela promotora de Justiça Márcia Teixeira e os professores da Ucsal Vanessa Cavalcanti, Sheila Marta Carregosa e Antônio Carlos da Silva. A partir da transversalidade do tema, eles abordaram questões como o cuidado com o outro, a luta dos movimentos sociais, legislação, Justiça, entre outros, para apontar a responsabilidade de operadores do Direito, professores e, também, a responsabilidade dos estudantes.

Coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Direitos Humanos do MP baiano, Márcia Teixeira ressaltou como avanços legislativos, jurídicos e de estruturação institucional, por qual passou o MP, resultaram da mobilização dos movimentos socais nos últimos 40 anos e destacou também a importância de se apropriar do conceito de DH em um momento de retrocessos. “Hoje precisamos pensar de que Direitos Humanos estamos falando. Precisamos tomar posse dele”, afirmou. A promotora afirmou ainda que a “militância” requer uma atenção e esforço cotidianos e pode ser realizada a qualquer tempo, inclusive na sala de aula. “É preciso pensar sobre a formação do professor, por exemplo, quando ele fala que a Lei Maria da Penha é inconstitucional”, disse.

A professora Vanessa Cavalcanti também falou sobre a responsabilidade dos estudantes e da importância da educação, com envolvimento das artes, para o fortalecimento dos DH. Com uma maior atenção para os idosos, a professora Sheila Carregosa reforçou a relevância da educação para os DH, indicando para a necessidade deles terem maior espaço dentro dos currículos universitários. Em Salvador, segundo ela, apenas a Ucsal adota os DH como disciplina obrigatória. Já o professor Antônio Carlos, que fechou as palestras e abriu para as perguntas, questionou o conceito de DH dentro da “reprodução social do capital”, no qual é humano quem consome. “Diante da crise atual, quem é humano ou não?”, indagou.

Fotos: Guilherme Weber / Rodtag Fotografias